25.9.17

A derrocada de um monstro

Desde pequena, nunca fui um ser humano, mas uma panicat. Graças ao treinamento desde o ventre e às mamadeiras de whey que meus pais me davam, desde o início fui inclinada a ter uma vida saudável a base de muitos esportes radicais e injeções de estanozolol nos glúteos. Cresci, e minha rotina não foi diferente. Viciada em escalada, parti a procurar novos destinos para minha empreitada, já cansada de lugares comuns como o MONTE FUJI e o Everest. Mas o que eu não sabia é que o que estaria por vir mudaria totalmente o rumo da minha história.

Minha amiga Rochelly – aquela delícia de piranha fácil que todo mundo passa a vara – sempre foi impecável em geografia, e resolvi conversar com ela para que me sugerisse um lugar desafiador para escalar. Ela ainda estava imersa em uma depressão profunda, meio confusa com a recente mudança de Portugal – antes no final do Brasil – para as proximidades da Espanha, sem forças para nada, mas como queria me ajudar, tomou um RED BULL para criar coragem e mandou na lata “tem o vale dos CRISÂNTEMOS, na Etiópia”. Eu nunca tinha ouvido falar nisso, porque não entendo nada de fauna e flora, na verdade, meu conhecimento se restringe a Carlos Marcos, mas confiei nela e fui.
Já que nunca experimentei comida da Etiópia, nem eles, preparei minha marmita para os dias em que eu ficaria fora de casa, muito ovo cozido, frango, batata-doce, whey, BCAA, GH, deca, durateston, e fiz até um docinho de abóbora com myoplex de baunilha, para os momentos em que desse vontade de comer uma coisinha diferente, nos momentos de solidão, já que estaria sozinha, como em todas as minhas melhores aventuras. A subida do monte em si não teve nada demais, confesso. Para uma pessoa como eu, acostumada a levantar meu instrutor para malhar bíceps, aquilo não representava um desafio de fato, mas fiquei maravilhada ao chegar ao cume e sentir o vento que no cume ardia e ser surpreendida por uma maravilhosa AURORA BOREAL.
Eu nunca tinha tido visão semelhante e fiquei por uns segundos como que entorpecida, até, num salto, dar-me conta de que não tem aurora boreal da Etiópia. Meu Deus, seria o fim do mundo? Pensei. Eu não tinha reparado, mas era 21/12/2012, como pude vacilar desta maneira? Peguei minha BÍBLIA, que sempre está comigo na bolsa para calçar mesa de bar, e comecei a orar, clamando a Deus para que expurgasse de minha alma os pecados de anos de bebedeira mostrando meus melões em bares para quaisquer flamenguistas desdentados e eis que, neste momento, Deus me enviou um anjo, um homem maravilhoso, que surgiu como que por milagre segurando seu magnifico cajado sancto medindo módicos 27 cm de raio mole. Obviamente foi uma medida aproximada, que deduzi ao comparar aquela singela circunferência com a de um PNEU que guardava algumas larvas de Aedes Aegypti próximo aos crisântemos.
Sem sequer dar tempo de eu lhe oferecer uma dose de maltodextrina como reserva glicêmica para a atividade de longa intensidade que estaria por vir, aquele homem possuiu minha petequinha de Adão, de uma maneira que nunca tinha visto. Nunca tinha visto mesmo, pois sou MÍOPE e havia perdido meus óculos na subida, ao esbarrar com um grupo que inicialmente pensei ser de indígenas GUARANI-KAIOWÁ, mas depois me dei conta de que eram apenas manifestantes de humanas do facebook. Mesmo sem ver direito, os arrepios que sentia nos dreads do meu suvaco esquerdo me detalhavam cada movimento da pélvis daquele homem, com movimentos pendulares indescritíveis.
Na hora que gozei, sem querer derrubei ele com a força do meu grelo ligeiramente desenvolvido e percebi que ele caiu lânguido e melado perto do meu IPHONE. “Sabe onde acho um interruptor por aqui? Estou sem bateria e preciso postar essa poça de prazer no instagran.” Ele me disse que não, mas me ofereceu um carregador de celular portátil que havia comprado no trem, no ramal Japeri. Diante de revelação tamanha, decidi conhecer tal coletivo, lá, abandonei a dieta de monstro, e passei a consumir apenas salgadinho com sílica sabor frango a passarinho e a comprar itens curiosos que por lá passavam, de petecas a cabeças de ALHO.

Desafio das 10 palavras.
As 10 palavras eram: Iphone, Crisântemos, Guarani-Kaiowá, RedBull, Pneu, Monte Fuji, Aurora Boreal, Bíblia, Míope e Alho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário