Estava empunhando meu cartaz de protesto de “Fora, Temer; entra, benga”, quando fui abordada por ele.
– Nossa, você tem o melhor cartaz dessa manifestação!
Agradeci, sem perceber suas más intenções: jogar spray de pimenta na minha carinha de puta.
– Que porra é essa? – inquiri.
Se justificou na maior cara dizendo que sabia que eu era de direita, e devia tirar a roupa preta que eu não merecia usar. Mal sabia eu que suas reais intenções eram me desnudar. Mas eu estava muito imbuída na causa, e ficamos só mesmo no esquenta-xota, a especialidade dele.
Anos, meses e séculos depois, o encontrei. Voltava de um show, completamente emaconhada por tabela pela erva alheia, tão loucona que mal me equilibrava na minha bota de traveco da Quinta e de quinta.
Cheguei logo falando de cu, tenho fixação anal mesmo e que se foda. Ele mandou aquele sorrisinho maldoso, certeza que também tava pra lá de Bagdá que nem eu. Fui atrás e já comecei a pegar no pau e ele ali só disfarçando, mas me dando altas apalpadas também, na frente de todos os transeuntes. Eu só tinha forças pra rir mermo. E, claro, falar de cu.
Depois de muita mãozada nas vergonhas um do outro e de sarradas no ar trocadas, o malandro cravou (pena que não foi em mim) que precisava se retirar do recinto (rua) para catar um banheiro e tocar uma punheta amiga.
Como sou a favor das privatizações, ofereci a terceirização da tarefa. Ele vacilou devido às nossas visões políticas diametralmente opostas. Tinha medo de que eu fosse depilada, diferente das cirandeiras com que ele estava acostumado a se deparar, mas avisei que já ganhei prêmio em concurso cosplay de Cláudia Ohana e ele ficou bem ali, viado.
Já fui logo dando engate e pegando na piroca, ele botou a benga pra fora conclamando o boquete. Mas o lugar em que estávamos, além de ter câmera, dava vista pra um observatório municipal, bastante movimentado àquela hora. Apenas me resignei e parti para uma abordagem disfarçada e inocente, que foi punhetá-lo e agarrá-lo, enquanto ele chupava os meus peitos muito inocentemente. Tão ameno que quase arrancou sutiã e costelas. Nem gosto.
– Tá pensando que sou frouxo só porque tenho cara de nerd? Eu gosto é de vagabunda!!! – mandou enquanto me dava tapas na cara em quantidade e magya inexplicável equivalentes à Santíssima Trindade.
Fiquei te como? Piscando! Mas ele honrou seu papel de esquenta-xota até o fim. Paramos aí mermo, e voltamos apenas à nossa relação usual: discutir em posts do Bolsomito no Facebook.
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