25.9.17

Indo de Ré sem Dó

A primeira vez que saí com Jimi, ele me levou a um show de um amigo dele e já foi logo mostrando a que veio. Ele não se intimidou com o ambiente familiar, com crianças e idosos em volta, tascou logo a mão na minha coxa e me puxou em um beijo ávido. Fiquei confusa (e com colcheia), a língua estava lá, porém era pouco representativa e fiquei me perguntando se a boca gélida era decorrente da cerveja. Fiquei um pouco assustada com aquela movimentação ousada pro lugar em que estávamos, do nada, mas relevei. Já que ele estava tentando uma abordagem mais incisiva, sugeri que fôssemos pra algum ambiente mais propício e ele, serelepe toda vida, logo me arrastou para seu apartamento.

Eu estava um pouco relutante em liberar a bacurinha, tínhamos nos conhecido naquele dia e eu tinha minhas ressalvas quanto à química que (não) estava rolando, me fazendo questionar sua performance, então ficamos vendo himym e gravando vídeos tocando born to be wild para minha best Credislaine. Quando me deixou em casa, lançou uma proposta inusitada “você tem roupa de casamento?”, “tenho…” respondi meio sem entender o que se passava, e ele prontamente me convidou para ir com ele a um casamento no dia seguinte. Que pressão! Combinamos, mas, antes de sair do carro, ele fez algo que corroborou aquele meu sentimento de que não seríamos como os acordes de C e Am, não haveria propriamente um encaixe, me puxou pelo cabelo, levando minha orelha a sua boca, a que eu rapidamente correspondi, para auxiliar a ausência de pegada, e começou a colocar a língua na minha orelha de forma precisamente ritmada.
Naquele momento pude compreender o que Credis sempre falava “nunca saia com músicos, eles fazem coisas esquisitas!”. Era tão agoniante que mal pude me desvencilhar, só orei ao Senhor para que terminasse logo. Fui para o lar rebobinando aqueles momentos inóspitos, com aquele impacto permanente no meu ouvido, absoluto. Porém meu coração ainda estava aberto, ele é virginiano, e virginianos sempre merecem uma chance. Mentira, dei uma chance na esperança de ter coxinha no casamento mesmo. Mas qual não foi o 7 a 1 da vida comigo! Só havia churrasco frio e gente chata e esquisita a la Eduardo e Mônica e eu sorrindo e acenando. Lá, no meio de um parquinho em que crianças brincavam e um grupo mais retirado fumava maconha, novas investidas foram feitas. Fiquei me perguntando se Jimi tinha alguma tara em ambientes familiares, seria algum tipo de parafilia ainda não diagnosticada pelo DSM? Ficou a pergunta.
Jimi era muito feminista (segundo julgamento do próprio) e me disse que, por isso, não podia respeitar uma mulher que não quisesse transar e ficou perguntando quantos encontros seriam necessários para a consumação do ato. Mesmo com palavras tão excitantes, qualquer vestígio de lubrificação vaginal tinha sido sugado de volta ao útero e só disfarcei. Fomos embora e como não correspondi às tentativas de Jimi de me comer ali mesmo, ele me deixou em casa e comeu outra convidada, pra quem ele também deu uma amena carona já na maldade. Vida que segue.
Durante a semana, comentei com um amigo sobre urucubaca sexual e ele me disse que achava que Jimi não tinha força espiritual nem sexual para tal feito. Era o mesmo que meu coração me dizia! Já Orquidébora, uma amiga muito atleta sexual, que também conhecia o dito cujo, pontuou que o achava firmeza e que eu deveria encarar pelo menos em nome da experiência antropológica. Fiquei dividida, porém era melhor expurgar logo essa dúvida do coração, então no mesmo dia já mandei o zap zap boladão “vou carimbar sua piroca hoje”. Não era tão metafórico assim, eu estava menstruada.
Jimi logo botou o pau pra jogo e me arrastou pra um motel de quinta (nada justa) nos arredores da cidade. Ele trajava uma bermuda bastante elegante, de listras finas pretas e brancas, a qual fui logo tirando pra chupar o nobre falo. De cara já começaram as frases de efeito “pra chupar assim tem que gostar muito” / “meu pau fica muito duro contigo” / “isso não é uma boca, isso é um aspirador de pó” / “isso não é uma garganta, isso é o túnel rebouças” / “isso não é uma escala diatônica, isso é uma sinfonia inteira”, eu não estava entendendo aquela reação toda, mal tinha encostado a boca ali, parecia até que eu tinha contratado uma puta! Vai ver aquilo fazia parte do seu show… Quando veio a madeirada, qual foi minha surpresa? Apesar da pegada ausente e da língua pitoresca ele era, de fato, um atleta sexual, as premonições de Orquidebby se confirmaram. Pensei tão profundamente no sorriso sexy daquela mulher naquele momento que gozei de jatinho. “Isso, goza na minha pica” mais frases de efeito se seguiram.
Jimi metia de lado, de frente, de costas, de cabeça pra baixo, fazendo quadradinho de 8, de 16, de 32, de 64, parecia até fatoração! Me senti um improviso de escala pentatônica nas mãos do Slash. Aquela piroca apesar de modesta fazia mesmo miséria! Não perdoou nenhum buraco. Em consequência disso, a carimbada não foi só de menstruação, se é que me entendem.
Na volta, fomos fazer um rápido lanche, mas o meu êxtase pelo ocorrido logo se foi quando retomamos os assuntos corriqueiros. Estávamos conversando amenidades sobre pessoas inteligentes serem loucas e taradas e ele veio proferindo todo seu conhecimento de psicologia de banca de jornal sobre a teoria das inteligências de Gardner. Não suportei tamanha sagacidade e senso crítico, apenas sorri e, no dia seguinte, me mudei para outra cidade.

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