25.9.17

Não me acovardo

Valentina tinha me chamado para uma festa bem animal no baixo[nível]-méier, mais um de tantos eventos do underground carioca que gostamos de frequentar; firmeza como sou, não pensei duas vezes, e rumei para o inferninho. Lá também estaria Alê Misteriosa, nossa amiga em comum que há cerca de um ano havia nos apresentado.
Alê Misteriosa não tinha essa alcunha à toa, do alto de seus 1,90m sem salto e de inacreditável mas legítimo cromossomo xx, ela era uma mulher enigmática. Morena de cabelo enorme, olhos intrigantemente verdes nadando na pele bem branca, e um corpo que os pais devem ter transado durante uma sessão de matança de Exu, porque aquilo não é coisa de Deus, tampouco da Terra.

Ao adentrar o inferninho, qual não foi minha surpresa? Valentina, engajada em uma missão meio antropológica meio desafiadora das leis da física de conseguir trabalhar 36 horas em um único dia, havia furado. Alê Misteriosa ainda não tinha chegado, não me fiz de rogado, fui ao bar e pedi uma bebida bem forte para esperá-la chegar.
– Como assim não tem Ice? – falei indignado.
– Serve Skol Beats?
– Serve, mas o que uma tem a ver uma com a outra?
– As duas são bebidas de mulher. É para a sua namorada, certo?
O que eu ia falar diante daquilo? Concordei e encarei a Skol Beats, já ficanco calibrado na primeira golada. Leia, uma conhecida performer do baixo-carioca estava lá dando duplo twist carpado no meio de uma coreografia, e me puxou para dançar com ela. Eu não sabia ao certo o horário que Alê Misteriosa chegaria, ela é meio Carmen San Diego, achei que não havia mal participar da performance, talvez Leia precisasse passar o chapéu após o evento. Fui sem hesitar.
Erro meu! Logo notei que ela levava a sério toda aquela cena, inclusive queria fazer uma panqueca (de dança de salão) comigo. Tudo bem que meço metro e meio, mas panqueca era demais, me recolhi junto com minha Skol Beats e 4 doses de uma bebida com gosto de perfume que surgiu na minha mão.
De repente, não mais que de repente, tive aquela visão. Cabelos compridos e o charme inconfundível me paudurecendo só de olhar: Alê Misteriosa chegara. Investi em cumprimentá-la, Roberto Carlos, um amigo que estava na festa, me chamou na hora. Vacilão. Fiz aquele social rápido, e logo puxei a girafa pelo braço.
– Oi, Zé!
– Oi, Alê! Achei que tinha desistido de vir pela hora. Valentina desistiu.
– Claro que não! Acabei de ver ela ali fora agarrando o DJ!
– Ah, ingrata! Deu perdido na gente, né?
– Ainda bem, porque hoje estou querendo me perder inteira em você, gostoso!
Baqueei! Que mulher! Deus salve a regra do L! Ainda bem que não preciso de muito sangue pro resto do corpo, porque teria desmaiado com a paudurecência. Aquela mulher era duas de mim, eu teria que fazer algumas viagens pra toda aquela areia, mas quem disse que eu fujo?
Aproveitei que saio na vantagem de já estar no nível de sua bacurinha e do seu vestido curtíssimo, e ali mesmo já comecei os trabalhos, as pessoas em volta nem repararam; devido à diferença de altura, parecia um abraço amigável.
Alê Misteriosa também não estava pra brincadeira! Aquela mulher mostrava logo a que veio. Me rebocou até o fundo do bar, um beco à meia-luz atrás da pista de dança, e tascou aquela apalpada.
– Nossa, Zé! Que pilantra! Que pilintra!
– Detalhes tão pequenos de nós dois – eu disse com um sorriso malandro, inspirado no meu amigo que estava nas proximidades.
– De pequeno isso aqui não tem nada!
Alê Misteriosa não tinha alguns dentes da frente, o que deixava o boquete ainda mais incrível. Alguns podem achar que isso é estranho, mas se tem uma coisa que eu faço no maior talento é abraçar a empreitada; afinal, meu santo de cabeça é Ogum, além de não fugir à luta, não há nenhum dragão que eu não encare.
A encarada foi literal, quando dei por mim, ela estava me dando seta de cu. Que cu abençoado! Cheirei toda sua terra de ninguém que nem carreirinha, caindo de boca. Virei Alê Misteriosa de quatro, e subi num banquinho para alcançar o cuzinho, já estava metendo a distância devido à minha extensão peniana, mas queria cravar até o final pra ver se conseguia realizar com ela minha principal tara: anal e oral ao mesmo tempo.
Ela gozou uma poça que me fez escorregar do banco até a entrada da boate, dessa distância, só a cabecinha, mas aquela mulher mexia tanto comigo que dei uma gozada assim mesmo. Sorte que já era tarde e estava vazio, sou uma pessoa muito discreta.
Nos arrumamos para ir embora, quando reencontrei Valentina nos encarando:
– Bonito! Que bonito, hein? Que cena mais linda!
– Valentina?! Gostou mesmo?
– Achei bonito de verdade, estou até emocionada. Mas estamos atrasados pra nossa pelada.
– Cê ta de brincadeira? Então é aqui o seu futebol toda quarta-feira? – Alê Misteriosa perguntou para Valentina surpresa.
– É, sim, você pode jogar com a gente, maior jeito de João.
– Fechou! O que o Zé faz?
– Sou o goleiro, óbvio!
– Com essa agarrada, faz todo o sentido! – disse Alê Misteriosa se abanando com os cabelos de Valentina. – Mas você não fica intimidado com o chute dele?
Alê Misteriosa apontou para nosso amigo no bar, Roberto Carlos.
– De jeito nenhum, não me acovardo!

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