O gosto do couro na boca não era nada demais. Nem o primeiro corte gélido das algemas, que logo esquentavam no contato com a pele. As cordas deixando as extremidades já frias e dormentes não saíam de um lugar-comum. Não, nada disso era capaz de causar o mínimo tesão em mim, era tudo como parte de um ritual, e eu estava lá a mando do meu Senhor.
O olhar dele era penetrante e direto, ordenando que eu me colocasse no meu lugar. Nessa hora eu sempre parava de encará-lo, era sua ordem, e, a mim, só restava acatar. As pessoas em volta, o ambiente em meia-luz e o som de qualquer pop de uma Nicki Minaj ao fundo chegavam a ser ridículos e, muitas das vezes, nesse começo quase mecânico das sessões, eu me perguntava o que eu estava fazendo ali, ou se eu realmente acreditava naquele tipo de liturgia. Muitas das vezes eu duvidava se comungava daquela fé. Porém, quando eu sentia o cheiro das velas acesas, o meu corpo inteiro gritava em um arrepio contínuo.
Draco caminhava com a postura de um lorde e, quando puxava o chicote de três metros, eu estava completamente entregue. Sim, sem dúvida nenhuma, aquela era a minha fé. Aquele era o meu mundo. Eu estava de quatro, algemada e presa por cordas a uma das mesas no salão principal, enquanto Draco me dominava em uma sessão pública. Ele pegava as velas, e pingava a cera sobre todo meu corpo seminu, em áreas que nos dias que se seguiriam sempre ficavam avermelhadas; me olhava com desdém e colava as velas sobre as minhas costas, como um candelabro humano.
Ele tomava distância, e, num suspiro dos desavisados ou estreantes que assistiam, ele começava a apagar as chamas das velas nas minhas costas com chicotadas. Ele nunca precisou de uma segunda tentativa. Ele nunca errou, mesmo com as tremidas involuntárias que percorriam meu corpo. Sua precisão fazia com que eu começasse a sentir a lubrificação escorrer pelas minhas pernas, tudo em mim fervia, tudo em mim era dele. E eu, ali, sabia bem o que me esperava depois que a última vela fosse apagada. Ele me enlaçava várias vezes com o chicote, fazia isso em diferentes partes do corpo, conforme o que as pessoas presentes pediam.
Isso deixava marcas profundas em todo meu corpo por dias. E por todos os dias em que as marcas ainda estavam ali, arroxeadas, a pele finíssima pelas lesões e ainda pulsando de dor, eu mal precisava me tocar para gozar, bastavam algumas lembranças. Draco foi o melhor Dom que conheci.
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