25.9.17

Ode... io

Eu odeio te admirar, e gostar do seu jeito completamente chato.
Eu odeio sentir falta do seu jeito metódico e meio ranzinza, mesmo que isso seja tão pouco divulgado, camuflado por aquele lado B das madrugadas regadas a álcool.
Eu odeio permitir que seu lado B das madrugadas regadas a álcool igualmente me fascine.
Eu odeio como você usa vírgulas de estilo, e o fato de você usar impecavelmente caixa alta e hífens.

Eu odeio ficar completamente entregue com seu jeito de prender os lábios, e odeio gostar dos seus TOCs, como o de sempre sentar do lado esquerdo do ônibus.
Eu odeio, odeio muito, você me elogiar com “experta”, e seu jeito de ajeitar os óculos.
Eu odeio sentir falta dos seus jogos de palavras com e-mails do trabalho.
Eu odeio o jeito como seu cheiro me invade, e odeio mais ainda o quanto ele me assombra.
Eu odeio o seu cabelo, por não estar espalhado na minha cama. Eu odeio você prender os cabelos.
Eu odeio o modo como suas mãos não foram embora, e como ainda sinto seu toque.
Eu odeio o quanto o simples fato de ver seu nome me apunhala e me faz ter que engolir o coração.
Eu odeio suas sardas serem a coisa mais perfeita que já vi, e odeio o fato de até seu nome ser bonito.
Eu odeio como o seu sorriso meio torto me deixa completamente derretida, tanto quanto seu jeito de falar palatalizando indiscriminadamente todos os fonemas.
Eu odeio não conseguir disfarçar o quanto você me deixa abalada.
Eu odeio não conseguir sequer lembrar o que é sintaxe perto de você, porque estou ocupada gaguejando e fazendo hipérbatos que mais se parecem com solecismos.
Eu odeio o quanto, por mais que eu use secante nas mãos e não sue nada nos treinos, minhas mãos pinguem só de te ver, desafiando as leis da farmacologia.
Eu odeio o quanto eu me sentir assim em relação a você desafia todo e qualquer tipo de lei, e odeio o fato de que eu facilmente desafiaria a Lei se pudesse ter você comigo.
Eu odeio ter trinta mãos quando estou perto de você, e sequer me lembrar do que é um adjunto.
Mas, acima de tudo, o que eu mais odeio é inevitavelmente ficar com aquele sorriso de orelha a orelha e maldito brilho no olho só de olhar pra você, e o quanto só te ver já me faz ganhar o dia.
Eu odeio, eu simplesmente odeio, e não posso parar de odiar.

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