25.9.17

Sobre rompimentos com escritores

"One Last Breath
Ela nunca poderia ser minha. Na verdade, nunca poderia ser de ninguém. Era uma partícula de hidrogênio. Só poderia ser sentida, era vital à vida. Aprisionada nunca. Uma fissão nuclear aconteceria.


Mesmo assim eu tentei. Fala-se muito do Oxigênio, que é importante, claro, mas esse protagonismo do Oxigênio é por conta de um bom marketing na história da ciência. 70% do que respiramos é Nitrogênio, muito maior que o Oxigênio (apenas 20%). Mas são dois gases chatos. 
Nitrogênio é mais importante pras plantas. Um fertilizante. Um gás que faz alface. Por isso ninguém se importa com o Nitrogênio.
Oxigênio ganhou fama por conta da nossa simbiose com o ciclo de vida das plantas. “O gás da vida”. Só se for da vida monótona. Várias bactérias mais radicais abdicaram do oxigênio e formaram uma rede social anaeróbia. Suspeito que elas ainda estarão por aqui enchendo a cara e participando de orgias quando nós estivermos apagando as luzes da vida na Terra.
Mas o Hidrogênio não. Porra, Hidrogênio é do caralho. Vai lá na tabela períódica e vê quem está encabeçando a lista. É o fodão do Hidrogênio. Na verdade ele só esta lá por conta de organização, pois sua composição não  permite que esteja agrupado com nenhum outro elemento. O Hidrogênio é a massa de 75% do universo. Todo Hidrogênio da Terra veio das estrelas. 
É assim que a vejo. Como se fosse de outro planeta. Igualzinho. Pó de estrela. 
Mas a merda é que o Hidrogênio se dá bem com qualquer outro material. Se junta com facilidade com qualquer elemento da tabela periódica. Você nunca consegue aprisionar o Hidrogênio. Você pode estar presente e participar da criação de planetas, testemunhar a alquimia de metais virando ouro e observar todas as maravilhas que o hidrogênio é capaz de fazer. Mas é uma jornada em que você é o carona, nunca o motorista.
O primeiro humano que tentou controlar o hidrogênio foi capaz de criar uma máquina de genocídio instantânea. Nunca se arrependeu do que fez (ao contrário do resto da comunidade científica). Este homem se denominou “O arauto da morte e da destruição”. Com apenas dois átomos de hidrogênio (dois fucking átomos) a explosão desta bomba atômica é equivalente a 10 mil toneladas de dinamite. 
Foi exatamente o que senti quando parei de prender o choro e permiti que as lágrimas saíssem. 10 mil toneladas de dinamite escorriam como uma nascente de meu rosto. Proteína, sais mineiras, gordura e…. água…. H2O. Dois fucking átomos de hidrogênio que nunca poderiam ser meus. Agora estavam livres. Podem secar e ir embora…. fazer maravilhas em outro lugar."

Escrito por Brunelleschi

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