Eu o conheci em um aplicativo de relacionamentos, em um mau momento da minha vida. Pra chocar e afastar, como gosto de fazer, já lancei de cara, em resposta ao seu “oi! o q?” “você é parafílico?” e ele respondeu que sim, que era um Dom Sádico de BDSM. Aquilo me deu múltiplo tesãozinho. Não só na área sexual mas também pelo fato de eu estar pesquisando BDSM academicamente e ter com quem trocar é sempre muito bem-vindo.
A primeira vez que nos encontramos, ele, na esperança de me maltratar inteira sem dó, me embebedou com um vinho de procedência duvidosa. Em parte pelo efeito catastrófico da bebida em meu corpo frangote e em parte por eu querer me livrar dele, com aquele olhar misto de virjão e maluco, além do hábito de só usar termos que me irritavam (“suave” / “cola aqui” / “role” etc.), fui embora.
Achei que tinha me livrado, porém ele não parava de mandar mensagens, incluindo nudes. Nem pra isso ele prestava. Mandava a cabeça do pau em close, nada podia ser mais brochante que isso. Mesmo assim resolvi ceder e mais uma vez o encontrei.
Desta vez, o inevitável ocorreu. Nos beijamos. A barba exalava um odor bastante peculiar, lembrava JAVALI em decomposição, porém a pegada era muito boa e na média, o saldo estava positivo.
No entanto, mais uma vez achei que ali tivesse findado meu tormento. Ledo engano! Tenho uma grande falha de caráter que é a tendência a ser vencida pelo cansaço e nisso ele era mestre. Fora que, não sei porque, meu coração acreditava que ele pudesse de fato ser um Dom Sádico e sou aberta a experiências antropológicas, então, por que não? Claro que eu adiava este momento, meu corpinho acostumado a sentar em pirocas cafajestes, cada dia em uma diferente, mais sambada e contaminada com toda sorte de dsts do que a outra, não estava inclinado a encarar um esteriótipo do nerd virjão no pior estilo daquele merdinha do LOSER MANOS. Mas, como disse, abertura à experiência! Certa vez, durante um jogo de TARÔ, uma cigana me disse, “minha filha, pra ser feliz na vida a gente tem que abrir, a mente, o coração, as pernas!”, e é isso. Eu nunca havia encarado um tipo desses, também poderia riscar da lista…
Com a festa surpresa de uma amiga que se aproximava o malfeito chegou. Eu precisava de ajuda para os preparativos e ele além de disposto era entendido do tema – tema Harry Potter, bem virgem, é óbvio – e até que uma boa companhia, apesar de me irritar, eu até que gostava do seu humor estilo A PRAÇA É NOSSA. Fomos comprar as coisas e depois pra casa dele encarar um longo final de semana de do it yourself associado às mais impensáveis gambiarras, desde usar GUARANÁ JESUS pra fazer amortentia até um MACACO para locomover a Nagini. A casa ficou tão bagunçada que mais parecia um cenário de CLASH OF CLAINS e olha que o ambiente exalava igual nível de virgindade ortodoxa.
A sexta foi longa, pelo menos ele morava com uma amiga que era boa em todos os sentidos e me deixou cheia de tesãozinho. Eu sabia que não poderia possuir o corpo nu dela ou, no popular, daria “ruim” com ele, mas só de imaginar, meu irmão… Deixa quieto!
Já cansados dos trabalhos pro aniversário, ele pegou o violão e começou a tocar propositalmente músicas que eu não gostava, ainda imitava a voz do Renato Russo – que também detesto – não sabia se chorava ou se dava graças a Deus, afinal podia ser pior, ele podia ter a voz do ANDERSON SILVA, só que sem a prometida giromba de negão… Eis que a temida hora “de dormir” chegou e, com ela, o inevitável.
Eu estava relutante em manter novo contato próximo com a barba, porém ainda estava esperançosa na madeirada. Encarei. Já estava lá mesmo e pau é sempre pau. Ou não, migos… Não era ruim de todo, mas também não era bom. O pau mais parecia duas peças bicolores encaixadas de LEGO. Ele falava “oral” e “pinto” e no meio ainda lançou “estou meio brocha porque estou nervoso, sou nerd” e eu ali fazendo a egípcia e pensando na amiga no quarto ao lado… Tão perto e tão longe… A pegada era realmente digna, porém bem longe do que eu supunha ser um Dom, já tracei fuleiros “não BDSM” que tinham mais ares de Dom/Sádico do que ele. Tentando uma manobra diferente, partimos para o caolho. Lambrequei o brioco de lubrificante, já que a natureza jamais faria este trabalho naquele momento inóspito, porém não rolou. Talvez pelo já dito “nervoso nerd” ou pelo meu cu ter trancado – irmão, nem Moisés apartaria as pregas do meu cu naquele momento – mas não entrava por nada, ele não possuía destreza pra alargar um cu, tampouco eu me mobilizaria para tal feito. Finalmente ele gozou, um líquido bastante pitoresco, mais se assemelhava a VIOLETA GENCIANA. Deixei quieto.
Seis da manhã, sem suportar mais aquele tormento, fui embora.
As 10 palavras eram: Javali, Los Hermanos, Tarô, A praça é nossa, Guaraná Jesus, Clash of clans, Macaco, Anderson Silva, Lego, Violeta Genciana
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