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Um dia na hora do intervalo, vi um rapaz que eu nunca tinha visto antes. Como era lindo, meu Deus. Decretei que me apaixonaria por ele. Ficava procurando ele com o olhar nos intervalos... Ele era mais velho. Uau, um cara mais velho! Que fora da lei eu era, eu tinha 14 anos e ele, 16. Um dia resolvi contar aquilo para minha amiga, que reclamava que eu era muito fechada e nunca falava nada naqueles grupinhos de meninas decantando suas paixões.

“O cara eu gosto é aquele ali.”

“Aquele???”, perguntou ela entre surpresa e incredulidade.

“É, por quê?”

“Ele é o cara mais popular do colégio, todo mundo gosta dele.”

Puta que pariu. 

Aquilo foi um baque; nerd e esquisitona, me senti um nada. Por que logo ele?

Teve uma festinha de aniversário de uma amiga minha, era da minha sala e popular no colégio. Eu não gostava dessas coisas, mas ela insistiu muito. Ele estava lá. Eu quis ir embora na hora, era só o que me faltava ver ele rodeado de meninas!

Fui pegar algo para beber no isopor perto da piscina e cumprimentar minha amiga antes de debandar e, quando levantei, ele estava atrás de mim.

“Você devia frequentar mais as festinhas, nunca te vejo.”

Oi? Aquilo era comigo mesmo? Minha cara deve ter dado a resposta a ele, porque eu mesma não consegui falar nada. Inclusive, foi nesse dia que descobri que tenho hiperidrose...

“Desculpa, não me apresentei, Fulano”, como se eu não soubesse... “Seu nome é Valentina, não é?”, eta, por essa eu não esperava...

Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. Ficamos conversando por ali, a festa rolando parecendo muito distante, borrões de uma realidade paralela... Então... Ele me beijou.

É, dessa vez, foi de verdade.