Foi entreaberta que a deixei. Por que agora a porta parece trancada? Eu tenho tantas chaves aqui comigo... por que nenhuma delas consegue abrir de novo? Ela estava escancarada há tão pouco tempo... eu tenho certeza.
Agora eu ouvia uma música sincopada, no escuro, daquele artista que você também gosta. Bebia qualquer coisa sozinha andando pela casa, deixando meu olhar vagar e se perder na paisagem distante do outro lado da varanda. Entrelinhas que envolvem um chamado perdido da lua...
Foi quando me deparei com a porta fechada. O corte definitivo que me separava daquele outro universo marcado na fresta de luz. Bem ali do lado.
Encostei de costas na porta, tudo em mim era torpor. Deixei o corpo ceder e sentei no chão, encostada ali, ouvindo, mas sem conseguir discernir o que se passava do outro lado. Tudo eram só imagens distorcidas, lacunas do desconhecimento que minha mente preenchia.
Eram ruídos e cenas instantaneamente associadas. Mas tudo, tudo tão deturpado...
É que, ao contrário do que diz a música, você já me acertou à queima-roupa.
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