7.10.17

Antiquários

Eram gritos sufocados para não incomodar o vizinho que dormia. Rapidamente silenciados por algo que fazia o trabalho mais rápido. A morte em certos momentos é compaixão.


Mãos algemadas nas costas por causa de uma cor. Cabeças abaixadas por morar compulsoriamente no que romantizaram como área de risco. Na rua, abatido, todos os seus sentidos são normais. É que o espaço que é de todo mundo não é de ninguém, é só descarte, principalmente humano, da humanidade desajustada, teriomorfizada.

A passarela do cotidiano que desfila o abatedouro dos sonhos. Aquele guarda sem existência corpórea e desidentificado, como corpo da representatividade, também ele, era apunhalado.

Mas o sinal abre e a vida continua com a beleza de suas flores artificiais compradas em antiquários. Antes fossem cravos de cemitério. Pelo menos seriam reais.

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