11.10.17

Ninguém espera porra nenhuma de uma terça à noite

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, mas, de uma terça, o que vier é lucro. "Ou não", como já dizia o sábio Caetano.

Começamos empolgados fazendo aquele tour Zona Oeste - Zona Norte do Rio, com a parada estratégica para catar a musa inspiradora das minhas punhetas, Valentina, na Zona Sul, afinal, se é para rodar o Hell de Janeiro em pleno rush carioca, vamos enfiar o pé na jaca legal brincando de ligue os pontos na cidade. E como já dizia uma falecida poeta... "A rusticidade começou..."

Assim que peguei (inclusive, QUERO!) Valentina nos arredores da favela, não a em que nasceu, porque essa consegue ser ainda mais fuleira, começaram os 7x1. Empurrei nela um brownie em que tinha feito uma puta amarração do amor para a manceba, que ela, macumbeira-suave toda vida, prontamente reconheceu.

- Príncipe mestiço, seu serelepe, quer macumbar logo a mim? A maior amarradora do amor que você respeita?
- Quero, sim, se ofende?
- Jamais, não me acovardo! - disse Valentina provando toda sua virilidade ao morder sensualmente o ebó, digo, bolinho, fazendo cosplay de Sandra Bullock comendo carne em Miss Simpatia.

Seguimos para catar nossos outros comparsas e rumamos para o crime: um show com as subcelebridades menos mais cotadas do momento na boate que hoje é a maior referência em fuleiragem carioca, mas isso é história.

Éramos VIPs. SIM. Very Idiot Person, com credencial para uma área exclusiva do show, que descobrimos ser a área comum. O show era uma gravação de DVD de um artista tão famoso quanto um cidadão que muito já inspirou contos deste blog, e todos tinham recebido o tal VIP para lotar o recinto. Isso mermo, bote fé.

Vida que segue, desovei os amigues e saí rebocando Valentina na secura para enchermos a cara loucamente, afinal, um punheteiro profissional como eu nunca deixa uma possível oportunidade de coito, por mais remota que seja, passar. Mas o 7x1 não para, não para, não para, não, até o chão, migos!

A boate, um ser icônico da cena carioca, não aceitava cartão. Oi?

- Está fora do ar... - falou a atendente com níveis mais parcos de paciência do que os meus de higiene.

Mentira deslavada! Mais tarde um segurança nos confessou "aqui não aceita cartão, está fora do ar todos os dias... é um eufemismo, sabe?". Ei, alto lá, cidadão! Claro que eu sei o que é um eufemismo, é chamar isso daqui de boate, pensei, mas a diplomacia libriana de Valentina me contaminando me levou a somente esboçar um sorriso e agradecer a informação.

Insistimos com a atendente, fizemos o pedido e puxamos uma nota de 50, coisa rara nessa crise! A atendente nos desprezou de novo.

- Tá sem troco...
- Mas vamos comer também, vai dar exatos 50 reais tudo...
- Queridão, a cozinha tá fechada, tá me entendendo? Não vai rolar comprar bebida, não.

Ok, caras tristes e fomos para o tal segurança do eufemismo perguntar se podíamos fumar. Não. Havia. Área. De. Fumantes. Não bebe, não fuma e.

- Porra, vamos transar, então? - proferiu Valentina com a maior naturalidade.
- Oi? - Logo me animei. Há muito tempo que só faço ménage, com a direita e a esquerda.
- Vamos ficar fazendo o que aqui quase duas horas esperando o show sem comer, beber, fumar, nem uma porra de uma selfie conseguimos, com essa música de merda e só gente mais estranha que nós? Só nos resta fuder mermo.

Refleti naquelas palavras muito acertadas de Valentina. Tinha toda razão.

Nos pusemos a catar um beco qualquer na boate. Noite difícil, nem isso tinha e os banheiros eram explanados. Que boate não tem nenhum cantinho pros frequentadores contraírem gonorreia, meu Deus? Nunca vi isso!

O que podíamos fazer? Desistimos. Só nos restava mesmo ir embora, enquanto Valentina me consolava dizendo que, espírito sagitariano aventureiro (olha o eufemismo aí) merdeiros que somos, dos âmbitos materiais aos espirituais, pelo menos não passamos nossa existência em vão.

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