Nunca vi graça em quem faz sexo estéril, aquela coisa que passaria em testes hospitalares de zero contaminação, hermética, embalada a vácuo. É que trepada boa tem risada, gemido, troca de posição, estalo de beijo, saliva, essas coisas. Não fui eu quem falei isso, mas concordo.
Trepada boa não tem pênis, ânus, vagina. Tem muita convenção e boa educação sendo jogadas no ralo.
Trepada boa é aquela que cheiros e suores se misturam bem ali nas raízes dos cabelos da nuca.
Trepada boa começa de ladinho desajeitada, num quartinho nos fundos, encaixa na cama ou no sofá de uma sala que nem é da sua casa. Trepada boa não deixa você se lembrar do seu CPF.
Trepada boa tem dedo do pé na boca e mão pesada no pescoço. Faz você só perceber a dormência nas pernas depois que acaba e cai pro lado exausto.
Trepada boa é meio suja mesmo, aquela que oferece tudo, esfrega na cara e deixa melar bastante. Saliva trocada na pele.
Trepada boa tem posição que você nem consegue repetir depois. É contração involuntária que você há muito tempo já não percebe mais de qual dos dois é.
Trepada boa é pegada na coxa, chupada no sovaco, linguada no cu. Bocas que descobrem histórias, línguas que constroem estradas.
Trepada boa é sem frescura e com entrega, cabeça vazia e suas mãos completamente cheias do outro: seus poros, gemidos, segredos.
Trepada boa deixa marcas pra ter que esconder no dia seguinte e pra ter o que trazer à tona em noites sozinho em um quarto de hotel.
Trepada boa deixa cabelos, pentelhos e reservas deliberadamente espalhados pelo chão.
Trepada boa é um pouco de disputa em campo de guerra, e muito mais de bandeira branca e rendição.
Trepada boa tem que ter gargalhada quando acontece aquela mordida desavisada por um tesão descontrolado.
Trepada boa, mas boa mesmo, é aquela que dou contigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário