11.11.17

oh, fuck it.

Era ele.

E é claro que ele sabia.

Era ele no vídeo melada de Nutella, nos nudes de costas que viram fundo de tela e no frango caprese.

A sensação lívida de pegar automaticamente na mão de alguém só porque parece que é natural entre os paralelepípedos de uma rua. Composições trocadas e lençóis molhados em atraso.

A viagem na frente da cabine, os trilhos tão próximos. A mensagem no campus. A subida de bota na Rua Augusta. A bebida no quarto de hotel e o skate embaixo do braço. O 101.

Na teia de linhas confessionais, amores urgentes e inspirações súbitas, era só ele: o escritor das madrugadas insones. O poeta clichê de paixões mal resolvidas e entorpecentes. O andarilho claudicando em tatuagens e sotaque.

O gelo se diluindo no copo, a mão em febre no grelo. Sempre foi sobre ele.

Così sola da provare panico e c'è qualcun'altro qui con me. Devo avere proprio un'aria stupida. Sai com'è, manchi te.

---
Escrevi em resposta a Sempre foi sobre ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário