18.12.17

Morno

Mundos inteiros correm e gritam logo ao lado, em paralelo, no rush de suas urgências. Mas os pensamentos que sufoco são ainda mais altos e ruidosos do que qualquer outra coisa.

Aqui, sentado nesse deque, penso no quanto sou morno. É como segurar gelo; quando a temperatura é muito baixa, ela queima. O gelo excessivo, no fundo, é brasa. Tudo que é muito tende sempre a seu oposto. E opostos são a falta de sal da média.

Contemplo, é isso. Essas nuances de luz se diluindo no horizonte, que mostram a imensidão da existência. A indiferença à individualidade. Contemplo, sentindo o corpo reagir em arrepio ao vento gelado do final da tarde. Frestas do real.

É claro que um pensamento me trai, e é você. Mas sensações como essa precisam te invadir sozinho. Eu te afasto. Afasto para que nada interrompa minha plenitude por estar, antes de qualquer coisa, comigo. Respirando a completude do aqui-agora.

Faço uma foto torta antes de me levantar. Torta, como deixo minha consciência se derretendo em assimetria.

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