As gotas inclementes na minha janela me fizeram perder o sono. Ainda era madrugada.
Os silêncios aqui no quarto apertavam meu peito. A tranquilidade do bairro, que parece que nada nunca acontece, me tirava a paz. O olhar inerte para carros, pessoas e acontecimentos que não passam. Maldita janela filtrando a vida.
Viro a cabeça para o teto. Os vazios dos nadas desse lá fora não são tão diferentes da colisão dos meus pensamentos.
Afoga e afaga, escreveu ele.
É isso o que todas as coisas, no fundo, fazem.
Afogam e afagam reincidentemente as minhas lacunas. Borbulham puxando o ar que não vem e, nessa agonia, recolhem-se tão bem aconchegadas.
Volto a olhar pela janela. Por que o horizonte sempre nos ilude com esse ar de respostas? É, só reparei agora; na cidade também chove.
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