A chuva da madrugada que veio brindar a vida no dia de hoje me trouxe você.
Mas não daquele jeito óbvio de quase todos os dias, o fundo patente de saudade com o ímpeto de uma mensagem de duplo sentido ou de um texto estilo indireta, que eu sei que você vai fingir que não, mas vai ler.
Hoje, a chuva me trouxe uma certa paz naquelas pontadas que misturam os sentimentos de quando você se conforma e começa a seguir em frente. Mas que ainda guardam vestígios.
Eu sinto falta, é claro. De alguma coisa que fomos, ou quase, ou poderíamos, ou eu só desejei e foi ficando meio perdida no cotidiano.
E toda vez que chego a essa cidade, que nunca foi, nem seria, minha, eu ainda me emociono e sinto o aperto no peito, igual da primeira vez.
Esse não é nem de longe o melhor lugar em que já estive. O mais turístico, o mais desejado, o mais inusitado.
Mas esse, de tudo, de todos, de sempre, é e vai ser sempre o que fica.
Porque, ainda que as águas rolem e levem da seca vidas e vozes; me afoguem, me afaguem, me afugentem; aqui, esse meio do nada de clima ingrato sempre vai ser um pouco das expectativas do nó que deveríamos ser nós.
A culpa poderia ser do Nickelback que agora toca, mas ela é toda desse restinho de você, que ainda brinca, como quem se sente em casa, e cochila leve nas minhas esquinas.
Esquinas... ironia! O que quase não tem nessa cidade sem curvas, sem becos e sem vielas. Mas que transborda nesse tão falso e dilacerado você e eu.
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