Você gostou do cabelo dela, ele gostou do jeito que você cruza as pernas. Eu precisava daquelas conversas sobre Augusto dos Anjos, ele queria alimentar as impossibilidades.
No fundo, são sempre simbioses esses nossos arremedos de relacionamentos.
Parecia que éramos almas gêmeas. Fumávamos o mesmo cigarro, afinal, e eu nunca tinha conhecido ninguém que... Bem, havia outras coisas, claro.
Mas a realidade tem aquela dose cruel de o buraco é mais embaixo, e de repente se ela não fosse fumante não me irritassem tanto aquelas manias.
A realidade não dá brecha pra magia, e toda minha devoção pelas suas mãos, as mais bonitas que já vi, acabam se perdendo nas nossas conversas entrecortadas, em outros abraços, em preocupações éticas e morais... tão falsas.
Acontece que o Tinder às vezes cansa, a balada já virou xepa, você já não lembra seu nome, eu me esforço pra esquecer.
Acontece que às vezes certas bocas têm uma ilusão inerente; um escape preciso de encontros inexatos e necessários.
E, às vezes, todas essas bocas ainda são as suas. E eu deliro me questionando se de alguma forma há pernas, nucas e dentes que possam ser meus.
Eu me deito, eu me levanto. Eu evito. Há sombras de fim de tarde e o óbvio caos de todos os dias. E o resto são palavras.
Ilusões de outras cidades, sentimentos levianos.
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