Durante muito tempo, você me deixou completamente perturbada.
Aquelas gafes que nos fazem corar as bochechas, e aquele nervoso típico que acaba atraindo um mar inevitável de outras gafes.
Eu derrubei coisas no chão (eu derrubei você no chão!), perdi uma coisa que tava na minha mão, já me senti ridícula em um show. Fora as inúmeras vezes, em inúmeros sentidos, que tropecei.
Só porque te vi, e isso basta pra me desestabilizar por completo.
E por acontecer bem na sua frente, era o fim do mundo, sim. Eu queria te impressionar, e a gente se cobra não ter falhas.
Depois vieram outras coisas, que igualmente me perturbavam. Eram suas mãos no meu quadril, era seu sorriso torto, era seu jeito de olhar pro lado naquela mistura tão sua de estar sem graça e se achar o máximo.
E, é claro, as coisas menos tangíveis.
O jeito estudado até na hora de girar a chave na fechadura, quadros milimetricamente posicionados e palavras sempre tão bem pensadas contrastando com sua efusão autorizada.
Os momentos de escape a que você se permite, embora julgue quando são alheios.
Você, de traiçoeiros trejeitos singulares e de ainda mais traiçoeiras resignações de multidão.
Você, de ordem e você, de caos; você, de paz e você, de erupção; você, de miopia e você, de perspicácia. Você de álcool, você de vírgulas, você de eventuais delírios em que ainda me pego.
Você, de finais de noitadas superficiais refugiado em livrarias e misantropias.
Não me culpe a paixão, a projeção e as reiteradas - e necessárias - linhas. Não teria como você, logo você, não ter virado meu melhor personagem.
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