12.11.18

Você não me dá tempo pra te amar

Amor tem tempo, tem nuance, tem medida, sim.

E tudo isso é relativizado conforme quem o acolhe.

Você não ama da mesma forma que seu melhor amigo, ainda que ele divida sua dor naquele abraço tão necessário. Ainda que ele ria dos seus prints da madrugada.

Seu amor é desesperado, urgente, obrigatório.

Eu te amo porque passou a fazer parte de mim de alguma forma. E eu fervo em círculos antes de mostrar.

Eu analiso por labirintos enquanto você já pegou fogo e renasceu três vezes.

Às vezes eu preparo todo o terreno, como se amor fosse casa que precisa ser projetada.

Mas você já estendeu uma tenda e tá babando em lugares tão distantes e próprios... que desconheço. Sem me permitir acesso.

Às vezes eu prego a Ariadne, mas não há fio de lógica que venha me salvar, e tudo que me resta é pegar meu amor feito em cartografia e me calar.

Você diz que só você me entende, que vai atrás, que quer desvendar. Mas quando você permitiu que essa ampulheta se virasse a meu favor?

Eu ainda estou observando os tons e sons que a areia produz quando cai, tentando entender, e você vem e derruba tudo.

Eu tenho alguma coisa desses grãos, você é completo vendaval por escolha.

Na assimetria desse cabo de guerra, nós dois perdemos, todos os dias. Porque esse suposto excesso de compreensão também é falta e vice-versa.

E até ele, o "vice-versa", o ápice da reciprocidade, também é assimétrico em sua composição.

Será que eu vou precisar perder pra queimar? Será que você vai precisar perder pra apaziguar?

Será que nós dois vamos acertar esse compasso?

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