9.12.18

Voz

Voz. Voz é foda. Esse seu timbre e jeito de falar meio sussurrado então me matam.

Você faz de propósito, né? Sabe que eu perco fácil a calcinha e o juízo, coisas que nunca me preocupei muito em vestir perto de você, aliás.

E junta o sotaque, e junta a patifaria, e juntam seus s. Ah, eu sou completamente vendida.

Fazia tempo que eu não ouvia sua voz. Foi aquela ligação, tão despretensiosa, sobre apartamentos e cidades que sabem ao mesmo tempo nos acolher e nos sacudir. Que sabem nos fazer sentir vivos.

Talvez por isso minha cisma com essa cidade, é bem o equilíbrio dessa dualidade que sua voz me causa.

Causa. Sua voz é facilmente uma das minhas causas mais traiçoeiras.

Eu tinha me esquecido.


Mas era a sua voz, mais nada. E meus pensamentos de quando ela corria ávida, toda dona, pelo meu pescoço.

Foi na sua voz, não em tatuagens de entrelinhas, boca de encaixes, bunda perfeita, que me rendi pela primeira vez.

Primeira vez porque essa nossa guerra fria permanece. E você continua me desarmando, avançando pelas minhas trincheiras, imperando fácil. E sabe.

Sua voz, é isso. Corre pelo meu corpo e vira uma corrente elétrica. Substitui o sangue, meio como um entorpecente desses bem fortes, sabe?

Sua voz me transporta naquele meio segundo em que o grito vira ápice e o resto é silêncio contemplativo.

Abaixo as armas, ergo minha branca Bandeira. Ah, se eu ouvisse a tua voz.

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13 coisas sobre você

1. Voz
2. Olhos (ou clichês, o que dá no mesmo)
3. Frango caprese
4. Ímpeto
5. Cicatrizes
6. Lábia (e parênteses)
7. Marlboro Vermelho
8. Estradas
9. Covinhas
10. Bunda (e isso merecia ocupar todos os 13 tópicos)
11. Avenida Paulista (ou acasos, o que é exatamente a mesma coisa)
12. Cerveja
13. Suas linhas, é óbvio

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