Aqui mexendo na sua câmera sem nada pra fazer, sem muito jeito, enceno caras tão pernósticas no espelho. Eu tô sentada no chão quando você, sem se dar conta, me desconcentra dessa configuração do tal modo manual.
Você tira a roupa de costas pra mim, vejo o reflexo no espelho.
Você tá distraído procurando aquela camisa preta que eu detesto no monte de tantas outras roupas pretas que eu embolei ontem, mentalmente incomodado com a bagunça que faço nas nossas coisas.
Sua bunda.
Costas, cabelos, pelos da coxa e pala de pau, é claro. Mas sua bunda.
Que você já tanto ostentou, nu em pelo, no meu antigo apartamento de começos. Que tanto já suou meus lençóis e suportou minhas cravadas de unha involuntárias. Por sua culpa, nesses arroubos de gozadas violentas de fúria e catarse.
Sua bunda e minhas mãos, e minhas coxas, e minha boca. De língua boêmia e dentes inconfessos. E daquele roxo em que eu me deixei em você por quase duas semanas, também.
Você ri sacana quando percebe minha cara sedenta te medindo, te comendo, te sorvendo. Nessas horas, tão nossos, ainda nos mantemos forasteiros. Eu tenho todos os atalhos. Mas passeio indiscreta enquanto os refaço.
Você vira de novo de costas, nessa mistura de pretensa indiferença e exibicionismo.
On the flesh rampage still running around.
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13 coisas sobre você
1. Voz
2. Olhos (ou clichês, o que dá no mesmo)
3. Frango caprese
4. Ímpeto
5. Cicatrizes
6. Lábia (e parênteses)
7. Marlboro Vermelho
8. Estradas
9. Covinhas
10. Bunda (e isso merecia ocupar todos os 13 tópicos)
11. Avenida Paulista (ou acasos, o que é exatamente a mesma coisa)
12. Cerveja
13. Suas linhas, é óbvio
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