A gente vai ficar sempre assim, não é? Nesse chove não molha. Nessas alfinetadas tão subliminares e protegidas que resultam no máximo em um sorrisinho bobo, por puro reflexo.
É que meu corpo ainda não consegue não reagir.
São muitas mãos, falas afetadas atropeladas, cadeiras difíceis demais de arrastar e esse monte de eco.
São detalhes. Você sabe o que todos eles querem dizer. E eu também sei, é claro, embora se houvesse aquele famoso "contra a parede" nós dois seríamos pura dissimulação e casualidades.
Olha, eu não estou indiferente. Passaram-se meses, passaram-se anos. Você não passou.
E não é só pela nossa convivência forçada, digamos assim.
É por todas as coisas sobre você que nunca descobri nem vou. É por todas as coisas sobre mim que você prefere distorcer do que montar o quebra-cabeça junto comigo, desse mundo que já foi todo convites, mas hoje é só grades.
Eu sinto falta sim do que nunca vivemos. É tão errado isso?
É porque o que vivemos deixou brechas. E, nessas brechas, o trabalho automático que nossa mente faz é costurar retalhos e paetês que encontrei numa caixa. Mal alinhavados. É nossa falha de ser humano.
De algum jeito, eu amo você. Sobrancelhas erguidas e sardas na pálpebra, mais na esquerda, muito mais. Carinho no ego e muitos julgamentos por essa declaração leviana, quem pensa isso é você.
Hoje eu fui naquele café. Você busca na sua mente agora, mas não "se lembra" de qual é.
Nossa ida, como todas as coisas, se afogou agonizante nos meus planos.
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