9.1.19

Minha alma se parece com a sua

É assustador, e não é só porque nossa mente forma imagens dentro da mesma categoria de algum teste psicanalítico elaborado. Ou pelo nosso medo de morrer do mesmo jeito. Ou pelas noias que a gente pensa igual sem nunca ter conversado antes sobre elas.

Aquelas músicas nos tocam da mesma maneira e aqueles versos, tão ridículos pretensamente de alta cultura, arrancam de nós os mesmos olhares de desdém, com eventuais deboches entre os amigos.

Seu cheiro doce meio untuoso me invade enquanto eu sinto seu abraço nas minhas costas e isso me enche de paz. Não deveria, estávamos no meio da nossa foda dirigida pelo Tarantino. A vista de toda a cidade mais bonita do que de qualquer um de seus cartões-postais.


As ausências deixam nossos assuntos pesados, teorizei. Na mesa, no banco, no seu colo. Talvez fosse só meu convite bem mal escusado de nos vermos mais. É que até os assuntos pesados com você têm certo ar de leveza, talvez pelas sensações familiares que tenho em todas as nossas esquisitices, quando nos deixamos ver no choque de opostos que somos à primeira vista.

Sou tão pra fora e, no entanto, só eu sei. Você, tão fechado, sabe o incômodo que é perceber que mesmo assim você se dá.

Esse monte de divagação era só mesmo pra dizer que ainda adoro lavar seus óculos.

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