5.2.19

Continuum

Houve uma festa.

Nós estávamos nela, é claro. Nós estávamos exatamente na mesma parte do bar, aliás, que é tudo menos grande. Mas não nos encontramos.

Você se pegava em novos ares. Eu tentava renovar os antigos.

Houve motivos, depois.

Motivos que nos levaram a outra festa. Outro dia, outro mês. No mesmo lugar. Você precisava trabalhar; eu, me livrar um pouco desse excesso. Coincidentes opostos no mesmo copo.

Houve muito mais coisas, então.


Coisas que fazem uma avessa ao fatalismo como eu acreditar um pouco em destino. A tal história da hora, do lugar, do momento. Tudo isso nos enlaçou perfeitamente, como se tivéssemos planejado.

Nós fomos esse tipo de encontro tácito. Do estalo, do eureka, do arco-íris na bolha de sabão.

Quantas vidas se passaram? E, no entanto, depois de vendavais, terremotos, devastações e ressacas... nós ficamos.

Eu vi você sorrir do outro lado da rua; eu acenei.

É, há coisas para as quais nós nunca vamos embora de verdade.

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