8.7.19

Pandora

Um templo
desses de pedra
de parcos vitrais excessivos em suas cores
encomendados por falidos mecenas
de profetas fadados a suas escrituras
dos amores que começam desfeitos
das promessas de guerra que, sob a cruz, se emudecem
e de santos que, em 365 dias, distantes, curam todos os males da terra
com a morte
e só beatificam a heresia de quem comunga de suas nascentes

minha procissão eleva esse altar
de batismos que não redimem pecado algum
muito menos expurgam o que se diz originalidade
destituem dogmas e sacramentos
que essas paredes, frias, calam em mudas pedras
projetando frágeis realidades tais
de homens que do teto despencaram por culpa de afrescos
pedantemente requisitados
de dores impotentes de desfechos
e de ilusórias alegrias de supostos nascimentos
renascimentos
o confronto de díspares sentimentos
que irônica e igualmente aqui jazem
estrangulados nas impávidas pedras
de amordaçados resquícios que sangram
vê quem sabe sentir
sente quem sabe ver
jogo minha moeda e tranco suas portas
tão irrelevante
ofertas são bem mais sutis
eu lhe dou as costas
e sigo

Nenhum comentário:

Postar um comentário