Em algum lugar dessa cidade, você tá pensando em mim.
O limão mal batido no copo, o gelo que, mesmo no frio, derrete rápido demais. E as músicas de sempre. As que falam de desistências, falsas tentativas e amores sublimados. Um monte de acordes ladeados em vão.
A cadência da mão do músico é tediosa. Você gargalha entorpecida por qualquer insensatez. E se apropria do alheio e foge de novo.
Alguém furou o sinal, você deu um encontrão em um cara gostoso, essa fumaça que sopraram agora é de?
Nenhum excesso camufla a vil realidade. Não, não me venha cheia dos relativismos. Quando foi mesmo que você acreditou neles?
Por aqui, sigo fazendo meu trabalho, o mesmo de todos nós. Tentando (o verbo da derrota) não enlouquecer. E tentando, quando não é possível e seu colega de classe, tão sensato, percebe, fingir que ser louco é descolado e cheio de personalidade. E feliz. E feliz, principalmente, é claro. Nunca pode faltar a felicidade.
O único relativismo real é a solidão, minha querida. Todo o resto é justificativa pra boa guerra de ego, agora tão bem respaldada pelo dito discurso.
Um monte de mentiras, essência da vida.
Mas a solidão, ah, perceba esta pantera. Não só é toda a realidade e concretude dos vazios, como o campo das objeções. Você se casou, você tem subordinados leais, seus amigos disputam sua presença de rainha da festa. Você é sozinha.
Porque vicia, porque tem um quê de narcisismo, porque acolhe, porque só você conhece o pavor transmutado, no que for, que sente.
Você. Sempre. Vai. Ser. Sozinha.
A cadência da mão do músico continua sendo tediosa quando você volta a perceber. E, creia-me, viver é um constante voltar a perceber.
Tim-tim.
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