24.4.20

Deixa eu ser o confronto

Eu falo que você vai se arrepender não como o óbvio recalque da dor de cotovelo, embora eu conheça muito bem meus porres ao som de Leandro e Leonardo doendo você.

É porque é ainda mais óbvio, pra qualquer um ver, o quanto nós deveríamos estar juntos. É, agora mesmo, com quarentena, e que se foda.

Aplacando nossas crises (você é o psicólogo aqui, afinal), surtando totalmente, esquecendo, lembrando, sendo insuficientes.

Porque é assim que o mundo real funciona. E isso nos chegou bem cedo, basta ver nossas "conversas caídas" de sempre.


É, eu quero ser o confronto, conversar com você sobre a falta de sentido, te fazer perder a vontade de sair de casa. Porque eu quero mergulhar, e esses processos são todos inevitáveis.

E é muito mais raro de compartilhá-los do que um Big Mac, uma tragada ou um beco mais público do que conseguimos perceber na hora.

É fácil ser a gozada inesquecível de gemidos atravessados. É fácil ser o sorriso inesperado pelas referências completamente esperadas. É fácil ser o alinhamento moral. E, tudo isso, no final, nós também somos. Difícil é apresentar os fantasmas e deixá-los bebendo numa mesa grande demais à meia-luz.

Servi o vinho. Você vem?

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