21.11.20

Feeling

Nós dois fomos uma comédia romântica bem clichê desde o começo.

Eu só fui perguntar se você podia tirar o carro que tava travando a minha saída, e seu jeito espontâneo, dizendo que tem uma camisa igual a minha e que eu morar com a minha mãe é inaceitável, acabou comigo.

E só pensava onde caralhos eu tava me metendo, mas não me culpe por isso. Te ver cantando "Lua de Cristal", invadindo o palco daquela banda, em um inferninho de quinta, não ajudou muito.

E, repare a ironia, foi exatamente ali que eu soube que tava fodido.

Do encaixe perfeito do beijo de final de noite ao encaixe no meu abraço de tarde no parque.

Das vergonhas que você se esforça pra passar às bochechas coradas por usar uma calça por cima da outra.

Das fotos ridículas aos gestos exagerados falando sobre matemática financeira, literatura alemã e necrofilia.

De perguntar se eu "já" tô apaixonado a soltar que sou o motivo da sua paz, do seu tesão, de ouvir forró e sertanejo no replay, mesmo eu não gostando de nenhum dos dois.

E aguentar o sono, e transpassar os quilômetros, e a parceria na fuga do banheiro, na fuga do trabalho, na fuga de qualquer brecha só pra me aconchegar em você e sentir o cheiro da sua nuca.

É você que sempre fala, geralmente em alguma situação um tanto literal, mas agora te pergunto. Na vida, na rotina, nas porradas da adrenalina.

Foge comigo?

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