Calar é fácil. Difícil é arredar os pensamentos e deixá-los em seus devidos cantos.
Ofuscar é fácil. Difícil é te ver e chegar perto.
Dissimular é fácil. Difícil é te olhar nos olhos, quando tudo se embola e faz a gente se conectar no nosso sorriso trocado de cúmplices.
Reprimir é fácil. Difícil é sentir pele com pele, como se fôssemos uma extensão um do outro. E lembrar que a realidade impõe mais barreiras que pontes.
Recuar é fácil. Difícil é estar nos seus braços e sair como se a eles eu não pertencesse, e como se seu toque não continuasse reverberando pelo meu corpo.
Negar é fácil. Difícil é não deixar as portas abertas, se elas mesmas se recusaram a se fechar para você.
Frear é fácil. Difícil é ter teu cheiro e teu gosto exalando de dentro de mim. E manter a postura. E fingir que somos amigos, coisa que nós dois nunca seríamos, nossa cama ri da nossa inocência de acharmos que isso seria possível.
Conter? É claro que é fácil. Ah, é fácil demais. Difícil é evitar o único desfecho possível de nós dois: nosso suor lavando meu lençol e minha alma.
Tanto faz. Já me esqueci de te esquecer, porque o seu desejo é o meu melhor prazer e o meu destino é querer sempre mais.
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