1.12.20

Dilema

Hoje faz exatamente um mês desde aquele dia em que eu quis desesperadamente beijar sua boca, só de ver seu jeito de andar.

É, eu não te disse, mas foi por isso. E já te imagino lendo isso e fazendo alguma piada ruim com quiropraxia e calistenia (que talvez tenham ajudado, não nego).

Seu jeito de andar me passa algumas coisas. Uma certa apreciação das coisas como elas são, no contraste com um espírito escrutinador e resoluto.

Seu jeito de andar, então. E os lapsos em que você sai do personagem e fica de cara séria. Esses lapsos mínimos em que você se deixa se mostrar.

Os mesmos quando desiste de me zoar, mesmo tendo certo apreço por isso, por ter percebido que sou mais crédula e levo tudo muito mais a sério do que mostro pra maioria das pessoas.

Eu gosto de te mostrar o que evito que todos vejam.

É que talvez eu goste mais do que deveria das suas camisas que desafiam a paleta de cores. E mais ainda quando elas ficam perdidas em algum canto da minha casa e tudo o que consigo pensar é em como você consegue ficar ainda mais sexy quando tá dentro de mim.

E como você faz qualquer outra coisa no mundo sumir com a sua língua dentro da minha boca num ritmo tão nosso.

Por mais que você se esforce pra eu te achar evasivo, fiquei, porque sei bem que não é isso. Igual a você, que mesmo me achando um tanto chave de cadeia, não soltou minha mão.

Porque nesse jogo, que começou com todas as nossas defesas típicas de superficialidade e desimportância, nós dois escolhemos a rendição.

Nem pessoalmente, nem em carta de amor, porque nada ficava do jeito que eu quero. Só então pensei: dizer que te amei num bolero.

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