Cai a água gelada nas costas, e a zanga espúria que sinto tem seu cheiro. Sentimento de cinco letras, como a folia que me brota no peito com o lembrete de que você usou o chuveiro antes de mim e mexeu na temperatura que deixo como padrão, sendo um pouco dono comigo do meu cotidiano.
E me preenche a alma ver tão palpável a nossa intimidade.
De poder deitar nu em pelo um do lado do outro sem compromisso de sexo, porque a gente pode desnudar nossa alma, e isso é que tem urgência.
De antecipar as piadas ruins um do outro, e ainda assim continuar achando graça delas.
De ter se tornado natural sem a gente se dar conta que não importa o que aconteça, o desfecho da noite e os dias seguintes são sempre compartilhados.
Também tem cinco letras mania, como todas as suas que me aquecem a rotina. A mania de reclamar que não desligo meu computador e que não tenho backup. A mania de pedir para ouvir os áudios alheios que ignoro - e de se incomodar por se ver tanto em tanto de mim. A mania de comer de colher e nem sequer usar como desculpa sua ascendência de outra cultura, porque você fica confortável com a sua esquisitice peculiar, que já se tornou meu porto também.