Primeiro, eu detestei o convite. Você me estendendo a mão me chamando pra uma dança. Fim de noite, músicas improváveis, salão já vazio.
Recusei. A recusa não foi a ti, mas a começos óbvios. Nós não sabíamos, porque saber demanda olhar o passado, e não premonições ancoradas em intuição feminina ou ter crescido com parentes ditos médiuns.
Saber demanda analisar o que já foi, com seus efeitos no corpo e no ego, e éramos prenúncio de primavera, o florescer.
Então, recusei, e fiz, eu mesma, a ti o meu convite.
Tua boca, afluente do universo.
Porque é na boca onde se dá o conhecer.
Bebês poem tudo na boca porque é assim que se experimenta o mundo. E o peixe morre pela boca porque começo só pode ser começo se, ao mínimo tropeço, puder se tornar fim.
Nada se desenrola se não partir dessa tênue - e embrenhada - dicotomia.