Procuro-te
Nos seios e nas coxas*
E, em todas elas, o cheiro é sempre teu
Em todas tantas, em suas diferenças que as tornam desinteressantes, inamáveis, você se esconde irrequieta
Prevejo-te
Em todas quaisquer "ela", tão distantes, que se deitam invasivas sobre minhas pernas, difamando a morada tua
No botão da blusa que fecho para mais um encontro do que é impossível de encontrar, pois há botões mais do que ela, qualquer ela, é capaz de serzir
Perfaço-te, então
No desejo forjado em outros corpos, na mímese da boca e da língua tua em transes mecânicos
Nos sorrisos simétricos em que procuro tuas assimetrias; sobrancelhas esquerdas mais sisudas do que as direitas, batons borrados exagerados, pintas em recônditos inesperados
Você me insiste
E eu?
Perscruto-te
Em mim
Nos detalhes aos quais, suponho, você atentaria
Nas festas duvidosas e nas extravagantes
Nas bebidas excêntricas e nas noites simplórias
No litoral da cidade a que você nunca foi
Na direção do vento
No metrô de São Paulo
Nela, pois, não sendo você, é sempre alheia e indiferente; terceira, nunca espelho conexo e conectado do tu
Sequer o nome, essa coisa pretensamente pessoal tão genérica, me dá escapatória. As linhas? Elas nunca deixaram de ser você
Não é justo entrar na minha vida, não é certo não deixar saída.
*substantivo e adjetivo
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