20.2.22

Domingo

Eu duvidei até o último momento, mesmo com os vídeos que me mandou no meio do caminho e com a localização em tempo real a 12km de altitude.

Depois de tantos meses, e, pela primeira vez, um ano inteiro sem nenhuma reincidência, Elizabeth tinha se tornado uma miragem.

Minhas mãos suavam no volante quando cheguei a Congonhas.

Elizabeth tinha passado uma temporada fazendo não sei o quê em não sei onde e agora voltava, mas o cheiro de casa quem sentia era eu.

Depois de tanto tempo, eu nem sabia o que esperar, então acho que entrei em um modo automático de suspensão.

Naqueles menos de dez minutos em que eu a esperava, organizei a agenda da semana, ajeitei o carro, penteei os cabelos. Eu não tinha mais o que fazer e sobrava tempo.

Resolvi conferir os pneus, é sempre bom. Quando fechei a porta, ela me apareceu.

Passos bravios e cabelos ao vento, o contraste com as tantas prisões que erguia para ela mesma. Vestido vinho e mordida no lábio. E todas as respostas do mundo. Do meu mundo.

Vou a seu encontro, mais bobo do que de costume. Sinto então a trégua de todos os tratados. O alívo-catarse do toque. E a imensidão na alma por me pegar refletido em seus olhos de vírgula.

Eu a bebo no brinde das celebrações. Não há motivo mais especial do que olhar Elizabeth de novo.

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