18.2.22

Sexta-feira

Sexta-feira, e eu ficando no escritório mais do que deveria não é novidade. A minha sala é o único ponto de luz na escuridão das pessoas que já correram para seus finais de semana.

No mar do breu, alguém bate à minha porta.

Elizabeth. Elizabeth?!

Trazia um fardo de Dunkel, uma referência a todos aqueles nossos momentos regados à cerveja preferida dela.

Vinha diferente. O humor como uma roupa que escolhia de forma leviana do armário. Eu, um mero espectador de seus artifícios.

Suspendeu minha respiração só pela forma como chegou, o ímpeto das decisões irrevogáveis. O cenário era dela. Eu, meu escritório, a cidade lá fora.

Você vai jogar as coisas da minha mesa no chão e me possuir, tipo filme?, perguntei.

Me sorriu suas devassidões mal contidas pelas paredes e me beijou. Tirou o vestido, até o tempo tinha se encolhido atônito: não usava nada por baixo. Puxei Elizabeth pro meu colo.

O roçar do tapete de couro, o suor e as luzes da cidade pela janela inteiriça. Multidões se chocam nas horas esquecidas entre seus lábios.

Ah, Elizabeth, se você viesse arbitrar no meu mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário