Eu a observava ali, a bailarina errante da caixinha de música, variando movimentos a cada nova melodia. Não podia ter pra si definição, embora bem se soubesse e se dominasse mesmo nos sótãos sempre mal visitados.
Sabia se fundir ao que quer que fosse. Às melodias, principalmente. Era assim que tudo a seu redor lhe parecia. E, em seu constante processo de recolhimento-expansão, descobria o quanto de si a si permitia abandonar.
Rasgava-se frívola, como se seus derramamentos de repente revelados fossem banais. Testes à recepção alheia. Então se calava, como se precisasse aguardar repercussão.
Volta e meia, era tão dela, que, imiscível, via-se reerguer automático aquele mesmo muro de vidro. Intransponível.
Volta e meia, sendo tão mais dela ainda, mais do que nunca, permitia que as irrefreáveis torrentes de nós dois apenas nos desaguássem, fundindo sua pele à minha.
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