Então Elizabeth se aproximou, e seu toque me tirou ou colocou em qualquer transe. Nunca é possível saber se inebriar-se é alteração ou revelação.
Me fez engoli-la, me fez sorvê-la. Se apossou de mim em todos os seus efeitos. Não os recusei, pelo contrário.
Mas, como em todas as vezes - nossa única constância -, ela precisava ir. Apartar-nos novamente, o vidro mais grosso e capaz de distorcer a cada adeus.
Só que agora, dessa vez, dessa única vez, ela me apertou marejada. Tateava se era um terreno seguro verbalizar, ou mesmo sua presença ali, daquele jeito. Instabilidade da vontade. Mas talvez nunca tenha precisado nada entre nós se tornar tangível dessa forma tão vulgar.
Foi um beijo. Desses de palavras. Desses em que se refazem narrativas de épocas e tempos, e tudo é dito no mudo selar de lábios.
Não há por que se preocupar, minha querida. Em todos esses anos, você nunca se foi de fato. Não seria agora que você iria embora.
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