20.11.22

Broken strings

A água escaldante que corre pelo corpo hoje não me lava de mim.

Me afundar em trabalho, as incontáveis horas fugindo em afazeres completamente inúteis, dando a eles grande importância. Para não pensar.

Mas a ventania assobiando na mínima fresta das janelas debocha dessa impossibilidade de se trancar. De fato. Blindagem ingênua de inconsciente. Lutar para não sentir.

Que isolamento real, mesmo pras mentes mais treinadas na indiferença, como as nossas, impede de fato qualquer coisa após o virar de chaves? Permissão um tanto inconsequente. Presunção ou inocência de quem acha que está a salvo?

Eu sempre bati no peito cheia de orgulho por suportar qualquer coisa. Inabalável. Não sentir, desde a mais tenra idade treinada, era fácil.

Quem se aproximaria de fato, se esses muros são puro mise en abyme de defesas?

Eu poderia culpar meu erro pueril, o erro de todos nós: acreditar. Mas foi justo no terreno da descrença que fui pega. Me dispo de tal pretensão. Não há nada em que eu me escusar. O mérito de mostrar que o impossível é possível é todo teu.

E então, ansiamos por resolução. Mas sequer enganam-nos essas máscaras da existência. A única resolução real possível ao ser humano é a morte.

You can't play on broken strings, you can't feel anything that your heart don't want to feel


Nenhum comentário:

Postar um comentário