Nunca achei injusta sua dúvida
Afinal, eis minha existência sempre escusada, absorta nos meus infindáveis compromissos
Preferi assumir o tom leviano nas minhas insinuações rasgadas
Era mais fácil
Mas sempre fui partidária da ideia - bem tóxica, aliás, tal qual nós dois - de que onde tem sentimento a educação e o bom senso não conseguem muito dar as caras
E aí é neste ponto que você desconfia de que falo de você, entre puto e surpreso, e por sabermos que pode caber tanto ódio em um ser tão pequeno, você então tem certeza
Sim, isto aqui é sobre você
Sobre o você indignado com a mediocridade humana, de mãos indevidas em lugares públicos
O você de deboche e sarcasmo que, no tanto que escondem, tanto de você revelam: inadequação, recusa, conflito, negação
Estar à margem por escolha e necessidade
Ser a fronteira caótica da existência
Demarcação de território nunca circunscrito
E então tem o você de encontros, reconhecimento, química e tesão desmedidos
Sentir é difícil demais na reciprocidade
Principalmente pra quem tem pavor de realização
Principalmente quando escuridões tão bem cimentadas e encenadas em leveza e "foda-ses" se dão as mãos e resolvem saltitar na superfície
É mais óbvio o ódio*, caminho natural
A repulsa, a aversão
No fim, fica meu modus operandi, a eu de sempre: indiferente e desistente, distância de não sentir
Você? Irrelevante, que importa?
*existe no mundo quem o tenha sentido sem antes - ou concomitante - em igual medida ter amado?
Fuck all those kisses, it didn't mean jack
Fuck you, you ho, I don't want you back
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