Quando vi aquele homão, forte, cabelos ao vento à la "Anunciação", pele moreno-jambo, olhar de comedor da Baixada Fluminense, logo senti que tinha que ter algo de errado.
Estava sem camisa capinando um lote, suado nas temperaturas amenas do janeiro carioca, calça branca de terreiro toda colada, marcando uma jeba de proporções descomunais.
Cara, havia algo de muito, muito errado.
Essas sortes não aparecem na minha vida, eu, acostumada que soy com piroquinha -15 que só resvala pela entrada, deixando intocada a caverninha.
Meu colo do útero, clamante, logo se contraiu. "É hoje que vou ser apresentado diretamente a uma estocada de rola", eu podia ouvi-lo. Mas algo me dizia que aquele homem robusto e madeirador estava envolto em um grande e sombrio mistério.
Depois de perceber que meu dedo indicador da mão direita afinou consideravelmente, pensando naquele espécime forjado no mais puro néctar da testosterona, vi que precisava agir. Logo fui a uma cigana saber do meu destino.
Na hora que a mulher virou o jogo, revirou os olhos num transe mais profundo do que minha buceta sabia que seria explorada, e caiu pra trás. Dos seus lábios, ouviam-se sussurradas estas palavras: "Sai, sua vagabunda, esse homem é meu, eu quero, que delícia, caralho".
Olhei aquela cena patética indignada. A cigana queria me passar a perna? Até ela? Só porque meço metro e quarenta e tenho essa carinha de trouxa?! Ah, tudo tem limite. Saí de lá sem pagar e olhando para trás, porque sou destemidah.
Mal sabia eu o que me aguardava. A cigana, sedenta pelo alfa da matilha, e puta que não paguei e ela não conseguiu comer o BK que planejava, me lançou uma maldição: a chama da paixão seria acesa nas minhas entranhas, mas meu estacionamento nunca veria a tal tuneladora.